Durante o ano de 2021 muito se ouviu falar sobre a decisão da OMS em classificar a velhice como doença. O parecer da classificação da patologia foi construída baseando-se em pesquisas genéticas realizadas por pesquisadores, pois os mesmos concluíram em suas pesquisas que a “velhice” altera as condições normais de saúde.
Porém há controvérsias, pois com o desenvolvimento de novas tecnologias e com a qualidade de vida cultivada pelos idosos, a condição de saúde dessa população está a cada dia melhor, consequência disso é o aumento a expectativa de vida.
Vale ressaltar que temos em nossa cultura a ideia de que a idade nos traz questões de saúde e com isso passamos a ser frágeis e dependentes. Mas isso não é verdade!
Finalmente, a OMS manifestou-se favorável à retirada do termo “velhice” e à substituição do mesmo por “capacidade intrínseca em declínio.”
Durante essa luta, diversas organizações civis e conselhos de direito da pessoa idosa do Brasil e do mundo, atuaram em conjunto para a conquista da revisão por meio do movimento “Velhice não é doença”, movimento este iniciado no programa de YouTube “O que rola na geronto” e o Centro Nacional de Longevidade (ILC Brasil).
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia ainda participou de documento elaborado em conjunto com o Comitê Latino-Americano (COMLAT), um dos braços da IAGG (International Association of Gerontology and Geriatrics), manifestando sua perplexidade em ver, justamente no ano em que a OMS declara o período 2021-2030 como a Década do Envelhecimento Saudável, a manifestação da inclusão do código MG2A, traduzido no Brasil como “velhice”.
O Comitê Consultivo de Classificação e Estatística (CSAC) da entidade reconheceu que este título pode ser aprimorado no futuro e/ou adicionado a uma breve descrição, e considerou a relevância de resolver possíveis equívocos no uso do termo.
Em relação à inclusão do termo “fragilidade”, outra reivindicação das Sociedades Científicas, a OMS reconheceu que há a necessidade de aprofundar a discussão técnica, o que está em linha com o que foi discutido no Brasil e em outros países.
Para a presidente da SBGG, Dra. Ivete Berkenbrock, a revogação da decisão demonstra que a união dos grupos envolvidos, com argumentos fundamentados, fez a diferença para que a OMS reconsiderasse sua posição. Questões como o possível prejuízo na compilação de dados epidemiológicos com o uso inadequado do código MG2A, reforço ao etarismo e a compreensão de que velhice nada mais é do que uma das fases da vida foram os argumentos mais destacados na formulação do documento.
“Apesar de situações técnicas ainda não estarem definitivamente resolvidas para a tradução do CID-11, consideramos uma vitória o fato de a OMS ter ouvido a voz da manifestação iniciada no Brasil”, avalia a Dra. Ivete Berkenbrock.