A população brasileira vem envelhecendo, isso é fato. Em 2010, existiam 39 idosos para cada grupo de 100 jovens.
Em 2040, estima-se 153 idosos para cada 100 jovens. Com isso, a sociedade como um todo deve se preparar para essa nova realidade. Além de políticas públicas adequadas, os diversos setores precisarão se adequar. Um deles é a da Construção Civil e Arquitetura.
Os projetos arquitetônicos precisam hoje pensar no público idoso, principalmente no que diz respeito à acessibilidade, segurança da marcha, preocupando-se em utilizar pisos antiderrapantes e monolíticos, ou seja, contínuos. Para o engenheiro civil e Phd em gestão de saúde e CEO da Bioeng Projetos, Norton Ricardo Mello, é imprescindível evitar desníveis entre pisos, e quando isso não for possível, as escadas devem ser planejadas. “Se esse for o caso, precisa se atentar na colocação de corrimão em duas alturas, como prevê a norma técnica 9050, assim como se a opção for a utilização de rampas, manter a inclinação máxima ou inferior a 8,33%”, explica.
Segundo Mello, as superfícies polidas em granito, mármores e porcelanatos devem ser evitadas. “Quando a opção for por esses materiais, deve-se ter a preocupação de receber um tratamento superficial que seja mais antiderrapante, evitando assim quedas”, justifica.
Já os carpetes devem ser evitados. “Os carpetes geram o efeito contrário, uma vez que impedem o deslizamento mínimo necessário para uma pessoa, com fragilidade, caminhar arrastando os pés”, pontua Mello. Por isso, a opção por pisos vinílicos é uma solução. “De fácil higienização, são antiderrapantes e permitem uma marcha segura”, afirma. Outro benefício, segundo Mello, são as texturas que imitam madeira, tecidos e pedras, além de uma manutenção simples e prática.
Muitos idosos, acabam optando por conta própria pelo uso da bengala, com o intuito de oferecer mais segurança e equilíbrio no caminhar. Segundo Francielle Fialkoski Molina, fisioterapeuta, coordenadora e professora da Pós-Graduação de Fisioterapia em Gerontologia e Gerontologia Multiprofissional da Faculdade Inspirar, essa prática requer muita cautela. “A bengala só deve ser prescrita para quem apresenta problema de equilíbrio ou instabilidade, fraqueza importante nas pernas ou tronco, lesões ou dor. Para isso é necessária uma avaliação específica, que considere não só a função dos membros inferiores, mas também os aspectos visuais, cognitivos e sensoriais do idoso, tendo em vista os objetivos e queixas funcionais que justifiquem o uso do dispositivo”, pontua.
No entanto, se oferecermos à pessoa idosa um ambiente seguro, com utilização de barras de proteção em ambientes, pisos adequados que evitem escorregões, disposição de móveis de forma que enxerguem o caminho a ser percorrido, esses cuidados ajudam não apenas a evitar quedas, mas também reduzir os danos ao organismo quando elas acontecem e, consequentemente, contribuem para uma recuperação mais rápida.
Francielle ainda explica que a bengala é um dispositivo auxiliar de marcha que contribui muito para a estabilidade do idoso enquanto caminha ou realiza suas atividades do dia a dia. Tem como função ampliar a base de sustentação e fornece informação tátil ao usuário para que este aumente o equilíbrio. Mas quando utilizada indevidamente, sem ajustes ou sem um treino adequado, pode prejudicar ainda mais o desempenho do idoso, inclusive aumentar o risco de quedas. Isso serve para andadores e muletas.
Outra questão a ser levada em conta é que, com a idade, pode haver um decréscimo na acuidade visual, que implica também em pensar nos ambientes mais iluminados. “Conforme os casos, podemos pensar em uma necessidade de possuir lâmpadas de 6.500 K para iluminação de ambientes que demandam maior atenção e contraste como as cozinhas”, avalia Mello. Luzes de vigia são essenciais para facilitar o encaminhamento entre quarto e banheiro, pois auxiliam na prevenção de quedas. “Deve-se pensar também nas cores utilizadas nos ambientes, considerando a importância de provocar um contraste entre os mobiliários, pisos e portas, gerando uma maior segurança no deslocamento”, esclarece.
“O processo de envelhecimento pode ser traduzido em alterações físicas que acabam por comprometer a mobilidade, força muscular e equilíbrio . Eles ficam mais instáveis e, muitas famílias, com intuito de oferecer mais segurança para o idoso, adquirem uma bengala por conta própria, quando na verdade, pode-se promover um ambiente mais seguro e que gere a independência do idoso”, finaliza Francielle.