Idosos tecnológicos: games exercitam a mente da 3ª geração

Quando falamos em videogame, imediatamente a imagem que nos remete é a de jovens e adolescentes. É fato que a cultura gamer é associada ao público “teen”, no entanto essa é uma realidade que vem mudando ano após ano.

Já existem estudos comprovando que jogos de videogame melhoram a saúde mental e física de idosos acima de 65 anos.  Com esse propósito, Fabio Ota, CEO da ISGAME, vem buscando aliar a tecnologia para melhorar a saúde mental, utilizando videogames como ferramenta para estímulos cognitivos, físicos e mentais. “Quando criei a ISGAME em 2014 tinha o objetivo de ensinar crianças a jogar e desenvolver videogames. No entanto queria uma metodologia diferenciada, para trabalhar o raciocínio lógico, planejamento e trabalho em equipe”, relembra. Em 2015, Fabio percebeu que a metodologia poderia ser utilizada para a prevenção do Alzheimer, foi quando iniciou diversos estudos sobre a promoção da saúde por meio dos jogos de vídeo game.

“Os jogos na verdade são de raciocínio lógico para que a parte mental seja trabalhada e principalmente tenham o contato com o vídeo game”, explica Fabio. “Com o treinamento, começa-se a desenvolver a lógica, o raciocínio lógico, a lógica da programação e depois passam a desenvolver os próprios videogames, dentro da metodologia criada pela ISGAME”, salienta. Segundo Fabio, o objetivo principal não é o de desenvolver jogos, mas sim os estímulos cognitivos que são dados durante os treinamentos.

Até 2019, todos os treinamentos eram realizados de forma presencial. Com a pandemia, foi necessária uma adaptação para online. “As mudanças foram bem expressivas, principalmente em adaptar os cursos para uma nova plataforma. Foi quando percebemos que não temos um curso, mas sim um treinamento constante”, avalia Fabio. A continuidade dos treinamentos junto às pessoas idosas é ininterrupta. “Você vai praticando os exercícios, treinando o cérebro, por quanto tempo quiser. Comparamos com uma academia, ao invés do exercício físico, fazemos o exercício mental”, ressalta.

Em 2018, a metodologia ISGAME teve aprovação no PIPE Fase 2 da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para desenvolver o aplicativo Cérebro Ativo voltado às pessoas com 50+, para que tenham estímulos cognitivos e promoção de saúde. “Com esse aplicativo, conseguimos atingir todas as pessoas no Brasil, principalmente as pessoas que não possuem computador, mas  tem um celular. Nesse caso, os jogos podem acontecer pelo celular, com os mesmos estímulos”, explica Fabio. Hoje, a ISGAME oferece o treinamento junto com o aplicativo para treinar todas as pessoas.

“A prática do videogame melhora a autoestima, pois o público 60+ se sente empoderado ao perceber que são supercapazes”, enaltece Fabio. Segundo o empresário, aquele pensamento que videogame é coisa de criança, que ninguém consegue jogar exceto as crianças, a população sênior passa a perceber que consegue sim, jogar, desenvolver e que são plenamente capazes de aprender. “Toda a intergeracionalidade faz com que os alunos discutam sobre o mesmo assunto, elevando assim a autoestima e naturalmente gera uma melhor qualidade de vida, pois as pessoas idosas podem conversar e interagir com as crianças sobre videogames”, finaliza.