Novos comportamentos de gestão para acolher pessoas idosas.

por | 26 de agosto de 2021 | Carreira Sênior

De acordo com a Organização das Nações Unidas (2015), entre 2015 e 2030, prevê-se que o grupo de pessoas com 60 anos ou mais, irá aumentar de 901 milhões para 1.4 bilhões  e, em 2050, poderá alcançar 2.1 bilhões no mundo todo.

Você se identifica nesse público quando chegarmos em 2050? Já prevê o que irá fazer? Talvez tenha pensado em curtir os netos, viajar para lugares próximos ou distantes, fazer caminhadas diárias na hora que bem entender, chamar os amigos para confraternizar nos finais de semana, comprar uma casa na praia ou no campo, assistir diversos filmes, praticar leituras periódicas, apreciar a natureza e simplesmente relaxar, pescar num riacho, passear no shopping ou nos museus para se encantar com a história humana? Aliás, história essa que você ajudou a construir. Acredite, você é capaz de fazer tudo isso e muito mais.

“Ah, mas eu não quero parar de ser útil”. Se você pensa assim, você está no caminho certo para chegar em 2050 com tudo! Por isso repito “você é capaz de fazer muito mais”. A sociedade começa a exigir esse modelo de comportamento e as organizações começam a se firmarem como peças-chaves para assegurar o processo de envelhecimento saudável e ativo desta população, tendo a iniciativa de criarem práticas de gestão que visem a contratação e retenção de pessoas acima dos 60 anos.

Com o avanço constante da tecnologia, empresas em geral estão tendo o desafio de se reinventarem a todo momento, mas quando se trata de gerir pessoas a dificuldade é ainda maior, o que nos faz questionar se de fato as organizações estão adaptadas para lidar com a diversidade demográfica no ambiente de trabalho?

A pesquisa “Envelhecimento nas Organizações e a Gestão da Idade” realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com gestores de 140 empresas, entre fevereiro e março de 2018, apontou que embora haja esforços em conscientizar gestores no desenvolvimento de ações direcionadas aos colaboradores mais velhos, as organizações não estão preparadas para enfrentar um cenário de envelhecimento da população, mas de alguma forma, mesmo que gradativa, tendem a buscar ações e práticas mais efetivas ao público sênior.

Na mesma pesquisa da FGV, parte dos gestores encontram barreiras em manter profissionais maduros, não só pelo preconceito que existe por conta da idade, mas principalmente em relação às dificuldades de lidar com novas tecnologias, a falta de flexibilidade às mudanças ocorridas na empresa e as dificuldades de reconhecer a liderança de pessoas mais novas. Por outro lado, os gestores apontam vantagens competitivas na contratação e manutenção de pessoas com idade avançada, sendo: maior experiência e conhecimento técnico adquiridos ao longo da carreira, comprometimento com a empresa, senso de responsabilidade e a resolução de problemas com maior resiliência.

Em 2013, a empresa PwC, em parceria com a FGV, realizou estudos similares ao da FGV de 2018 e constatou-se que de um período a outro houve aumento da percepção dos gestores em relação aos profissionais de maior idade. As empresas, pouco a pouco, estão começando a olhar com maior responsabilidade para práticas como planos de carreiras específicos aos mais velhos e programas de capacitações e psicológicos com o intuito de uma preparação para a aposentadoria, além do benefício de menor jornada de trabalho para quem atinge a idade de 60 anos.

De fato, não há como escapar das limitações tanto do corpo quanto da mente quando se atinge a idade sênior. O que poderia ser lamentado, na verdade é o ciclo da vida que, com o passar dos anos, vai proporcionando-nos as rugas da sabedoria. Nossa cabeça funciona como a memória de um computador, que também tem limites de capacidade de armazenamento de informações e, como toda “máquina”, o desgaste vai surgindo naturalmente. Já imaginou o tanto de memória que cabe numa cabeça de 60 anos ou de 80 anos ou de 100 anos? Dependendo da vivência, do estilo, costumes e hábitos de vida de cada indivíduo, é possível ter uma enciclopédia armazenada no cérebro.

O processo de envelhecimento saudável tem acelerado muitas questões políticas, econômicas e sociais. Pessoas com idades avançadas que ainda são produtivas e estão empenhadas a trabalhar fazem com que as empresas invistam no recrutamento e retenção para esse público, visando a promoção da inclusão e interação geracional no ambiente de trabalho.

Material complementar

Pesquisa “Envelhecimento nas Organizações e a Gestão da Idade” da FGV pelo Link https://melhorrh.com.br/wp-content/uploads/2018/04/PESQUISA-ENVELHECIMENTO-.pdf