Maior convivência com jovens pode tornar mais saudável a vida das pessoas idosas.
Durante vários anos, foram muito tradicionais os encontros reunindo diversas gerações de uma mesma família, com tataravós, bisavós, pais, filhos, netos e bisnetos. Nessas reuniões, havia muitas trocas de experiência e, principalmente, de carinho e afeto. Muitas famílias ainda conseguem realizar esse tipo de evento, mas eles têm sido cada vez mais raros pelas dificuldades que a vida moderna tem imposto.
Antes, as pessoas viviam em comunidades menores, com menos habitantes e, consequentemente, era mais fácil reunir a todos. Mas, nos dias atuais, muitos moram em lugares distantes de sua família. E mesmo quem mora na mesma cidade às vezes não encontra tempo para ver familiares mais próximos. Quem mais perde com essa dificuldade de união são as pessoas mais velhas, que acabam ficando mais isoladas e esquecidas, com pouco contato com os parentes. Isso tem causado a sensação de solidão em muitos idosos e, em vários casos, alguns podem desenvolver a depressão.
Para reverter essa situação, muitos estudos estão sugerindo a volta da troca de experiências entre idosos e pessoas mais jovens, um conceito conhecido como intergeracionalidade, e que pode, em muitos aspectos, tornar mais saudável a vida das pessoas idosas.
Como acontecia anteriormente, as novas relações intergeracionais podem ajudar a fortalecer os relacionamentos, favorecendo uma maior troca de conhecimentos, consolidando os vínculos sociais. Ao compartilhar momentos, jovens e idosos podem dividir ideias, pensamentos, hábitos, culturas e crenças, e debaterem entre si todos esses conceitos, construindo em conjunto um relacionamento mais próximo e com mais afetividade.
Nesses encontros, os mais velhos podem contar suas várias experiências, tudo o que vivenciaram, erros e acertos, um aprendizado de grande valor para os mais jovens. Estes, por seu lado, podem transmitir seus conhecimentos sobre tecnologia, apresentar as novas formas de ver o mundo, os novos comportamentos e valores sociais, que são diferentes da época de seus pais e avós.
Várias pesquisas científicas demonstram que esse tipo de união pode ser muito benéfico para a pessoa idosa, que melhora seu estado cognitivo e de humor – e pode também contribuir para aumentar a longevidade. Um exemplo disso são os estudos realizados nos últimos anos pelo geriatra Emílio Hideyuki Moriguchi em Veranópolis (RS), cidade que tem muitas famílias com mais de quatro gerações vivendo na mesma casa. Resultados preliminares indicam que os idosos locais têm o encurtamento mais lento dos telômeros – extremidade dos cromossomos, um fator ligado diretamente ao envelhecimento –, indicando que a longevidade também pode estar ligada à qualidade das relações interpessoais.
A intergeracionalidade também pode ajudar a quebrar preconceitos entre as gerações e trazer uma nova visão sobre o processo de envelhecimento, que pode ser tratado pelo jovem com mais naturalidade.