Estamos vivendo uma realidade de novas demandas, comportamentos e desejos com o envelhecimento populacional e a longevidade. O número de pessoas idosas deve ultrapassar o de jovens nos próximos anos e isto está mudando a forma de viver das famílias. Este artigo teve como objetivo relacionar o 60 mais e seu afeto com sua casa, trazendo um alerta aos especialistas envolvidos com moradia levarem em consideração os desejos e sentimentos, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
Em todos os lugares e em nossa família não é raro encontrar pessoas idosas com mais de 80 anos. Visando este cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou o Guia da Cidade Amiga do Idoso, que observa os aspectos da vida e sua melhoria de vida em áreas urbanas, levando em conta várias cidades pelo mundo. Vamos abordar o aspecto moradia onde ambientes, produtos e serviços podem não estar sendo adequados às pessoas que estão envelhecendo.
Em países desenvolvidos, é comum que idosos não morem com os filhos, diferente do Brasil, onde muitos ainda residem com a família. Na América Latina, este fato ainda é predominante na convivência de pais e filhos em sua residência. Contudo, nos últimos anos, o IBGE vem registrando um aumento de pessoas acima dos 60 anos morando sozinhas, principalmente mulheres.
O relacionamento com a sua residência também vem mudando, sendo hoje um espaço de lazer, prazer e criatividade. O Guia Global confirma que muitos idosos demonstraram desejar continuar a morar no mesmo lugar. É claro que a escolha de moradia do não depende de um fator isolado, mas das condições reais. Para uma pessoa idosa, cada parte de uma casa desempenha um papel em seu bem-estar, conforto e segurança. Aqui estão algumas considerações:
Quarto: deve ser confortável e acessível com uma cama adequada, uma iluminação suficiente, espaço para circulação e um banheiro adaptado próximo ao dormitório.
Banheiro: recomenda-se o uso de barras de apoio, assento elevado no vaso sanitário, chuveiro sem degrau e piso antiderrapante.
Sala: espaço de fácil locomoção, organizada na mobília, boa iluminação e espaço para outras atividades.
Cozinha: acesso aos utensílios, alimentos e eletrodomésticos, bem como piso antiderrapante.
Quintal: áreas de descanso com bancos e cadeiras, caminhos sem obstáculos e acessíveis.
Serviços e Tecnologias: implementação de um sistema de alarme serve para garantir a segurança dos residentes. Porém, é possível incluir ainda recursos como detecção de queda, sensores de movimento, botões de emergência, monitoramento remoto e uma AI para integração com os dispositivos inteligentes, alertas de medicamentos, entre outros. Importante é o conhecimento destes itens pelo morador para sua interatividade.
O aumento da oferta de aparelhos domésticos e os avanços tecnológicos proporcionaram muitas transformações na forma de morar e no comportamento das famílias em suas casas. As pessoas idosas têm um relacionamento com o seu lar e gostam de preservar seus valores. Nesse sentido, nosso lar pode ser um lugar de reviver aquilo que somos, conhecemos e temos. Um lugar íntimo, que fornece uma imagem do passado. Os objetos, portanto, têm uma significância que vão além de seu caráter utilitário e seu valor comercial.
Assim como as lembranças são a identidade da pessoa idosa, aquilo que fazem no presente, desempenham importante papel na sua estabilidade emocional, onde encontra um novo caminho e significado para sua vida como escrever, cozinhar, ver filmes, tocar instrumentos musicais, praticar hobbies, entre outros.
Entender a perspectiva da pessoa idosa em relação à sua residência é fundamental para proporcionar um ambiente que promova seu conforto, independência e qualidade de vida. É sempre recomendável envolvê-los no processo de tomada de decisões sobre adaptações e modificações em casa, garantindo que suas necessidades e desejos sejam respeitados.