O mercado de trabalho está em constante movimento e conforme o perfil populacional muda, profissionais que ocupam a maioria dos cargos também são alterados. De acordo com uma pesquisa do Datafolha de 2019, pessoas que pertencem a uma faixa etária mais avançada estão procurando emprego com mais frequência.
Segundo o professor e coordenador do Programa USP 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e da Comissão de Direitos Humanos da USP, Egídio Dórea, na sociedade capitalista, tudo parece ter uma idade limite. “Temos uma idade definida para ir para a escola, faculdade, casar e ter filhos, então isso faz com que as pessoas sejam estratificadas pela idade”, afirma.
O especialista diz que uma das ações necessárias para erradicar o idadismo é fazendo alterações na cultura no contexto idadista que existe no mercado de trabalho, que afeta na contratação das pessoas com mais de 50 anos e também na dificuldade que essas pessoas têm em permanecerem nas vagas que ocupam. “É preciso prestar atenção nas ações diárias e se ainda vemos o outro como inferior, somente pelo fato de ser mais velho do que nós”. Além disso, ele destaca a importância do suporte institucional, por meio de políticas públicas e campanhas, que incentivem a reflexão e mudança de atitude.
Em dez anos, a parcela de pessoas economicamente ativas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população, segundo dados do IBGE de 2022. Porém, a busca por uma recolocação ou mesmo para manter o cargo que ocupam podem ser um obstáculo no mercado idadista.
Para facilitar esse processo, existem empresas especializadas como a Maturi, que desde 2015, cria oportunidades de trabalho, aprendizado e renda para pessoas com mais de 50 anos. Segundo o CEO fundador da Maturi, Mórris Litvak, a longevidade é uma realidade, mas o mercado de trabalho ainda não está preparado para isso. “Ignorar o potencial dos profissionais 50+ é desperdiçar experiência, maturidade e uma série de soft skills que só se aprimoram com o tempo”.
A Maturi também trabalha incentivando empresas a adotarem a prática da contratação de pessoas 50+. A partir de dados, eles mostram às empresas os benefícios da diversidade etária, como aumento da produtividade e melhora no clima organizacional. “Também oferecemos treinamentos e workshops para desmistificar preconceitos e mostrar como aproveitar o melhor de cada geração, ilustrando cases de sucesso e tendências”.
Uma dessas empresas é o Grupo Pereira. Segundo a gerente nacional de comunicação corporativa e ESG do Grupo, Simone Cotta, a empresa possui o conceito de ser um bom lugar para se passar a vida. “Desta forma, estimulamos e criamos condições para que nossos funcionários continuem conosco por 10, 20, 30 anos. É uma variedade de gerações que se beneficiam do compartilhamento dos conhecimentos técnicos e experiências de vida”.
Em maio, na semana do Dia do Trabalho, o Grupo promoveu uma campanha de contratação voltada para o público 50+. Só no primeiro semestre já foram contratadas 500 pessoas nesta faixa etária, em todos os níveis de hierarquia e em várias regionais da empresa.
O CEDIVIDA foi criado com o intuito de levar mais oportunidades aos 60+, os reinserindo na sociedade como indivíduos ativos. No Programa, eles aprendem mais sobre os seus direitos, tecnologia, têm acesso a cursos e palestras, para que se empoderem e participem da comunidade. Na campanha “Viver Não Tem idade”, se reforça o protagonismo da pessoa idosa. Acesse cedivida.org.br e apoie essa causa.