Por Mariana Mello
Tenho trauma de educação física. Como criança que cresceu nos anos 1980, fui introduzida ao mundo dos esportes de um jeito duvidoso. Minha mais forte lembrança da escola era aquele massacre semanal da escolha de times – eu sempre ficava por último. Qualquer menina fora do “padrão” aos 11, 12 anos, mais pra gordinha, sabe do que estou falando.
Durante anos da minha vida, achei que os esportes não eram para mim. Que sendo uma pessoa pretensamente intelectualizada o exercício físico não me faria falta. Se nunca fui magrinha e musculosa na adolescência, não será na vida adulta, pensei. Até o dia que passei a estudar longevidade.
Em vez de pensar em emagrecer e caber nos padrões socialmente exigidos ou na calça 38, aprendi que movimentar o corpo está na mesma categoria de guardar dinheiro para o futuro: um dia, estar ativa e com força muscular vai fazer muita diferença.
Cuidar do corpo hoje, aos 40, é pensar que daqui a 20, 30 anos, ele estará nutrido, flexível e forte para me levar onde eu quiser. Para realizar meus sonhos, sejam carregar um neto no colo, explorar a Chapada dos Veadeiros ou fazer um mochilão com minhas amigas também velhas.
Olhar para meu físico dessa forma fez com que uma chave virasse na minha cabeça. Hoje jogo tênis (muito mal, mas estou me esforçando) e nessa sexta-feira começo o pilates. Aliás, meu professor de tênis tem 63 anos. Não é incrível?
Essa consciência – de que meu corpo é o meu veículo, e só tenho esse – fez com que eu revisse também hábitos alimentares. Sigo amando hamburguer e batata frita na companhia do meu filho de 8 anos e não abro mão da minha taça de vinho com meu marido.
Só que antes de ingerir gordura, açúcar e álcool, penso um pouco mais se estou sendo gentil com meu fígado, meu coração, minha pele. Afinal, assim como eu, eles têm 43 anos e não vão engolir desaforo daqui para frente. Preciso que estejam bem, para irem comigo ao mochilão e à festa do meu neto.
