O mundo ocidental valoriza as pessoas por suas posses, esforços, condições de trabalho e, com isto, surge o menosprezo com o aposentado, pois este não contribui e nem é mais produtivo.
Além disso, a síntese do significado da velhice é pejorativa e representa o declínio no orçamento e da imagem social. Desta forma a idade deixou de ser considerada uma etapa normal da vida e o que passa a valer é o adágio popular – “lugar de coisa velha é no museu, pois em casa não podemos acumular coisas que não tem mais utilidade!”
O preconceito com a velhice é também decorrente do modismo, ou sendo mais conservadora, a visão da sociedade moderna é de romper com a tradição. Desta forma a referência do passado é ultrapassada e o homem moderno lança o seu olhar para o futuro. Considero isto extremamente perigoso, pois errar na dose significa desvalorizar o que nos trouxe até os dias de hoje!
Se estabeleceu um preconceito social, invisível, aceito como verdade e sem maiores questionamentos que velhice é sinal de problema e que é necessário se APOSENTAR!
Uma pesquisa realizada em 1998, coordenada por Philip Taylor e Alan Walker gerou uma publicação online realizada pela Cambridge University sob o título, “Empregadores e trabalhadores mais velhos: atitudes e práticas de emprego.” Este estudo demonstrou que:
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As lideranças visualizavam o trabalhador mais velho com dificuldade de serem treinados;
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Falta de interesse dos trabalhadores mais velhos em aprender;
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Resistência dos trabalhadores mais idosos em receber ordens dos mais novos.Os trabalhadores mais idosos eram relutantes frente às mudanças tecnológicas, além disto muitos tinham o foco orientado para a aposentadoria em detrimento do seu desenvolvimento profissional e pessoal.
No entanto, a prática e a pesquisa também trouxeram evidências contrárias. Em 2007, no estudo conduzido por Helen Dennis e Kathryn Thomas, sob o título “Ageismo no local de trabalho” apresentou os comportamentos típicos dos mais idosos e demonstrou que estes agregam valores substanciais, tais como:
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Menores índices de turnover e absenteísmo;
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Maior respeito com à hierarquia;
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Comprometimento mais acentuado com a qualidade;
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Hábitos de trabalho mais equilibrados e orientados para resultados, lealdade e pontualidade.
Deste prelúdio todo, obviamente prevaleceu a notícia negativa e isto referencia e dá clareza aos dados que as pesquisas atuais demonstram, veja abaixo:
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No gráfico, observamos que 53,6 % da força de trabalho com vínculo empregatício encontram-se na faixa etária de 30 a 49 anos.
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Na faixa de 50 a 64 anos, este percentual cai 16,7%
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E, a partir dos 65 anos ou mais, cai para 1,4%.
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Isto reafirma a leitura de que lugar de grisalho é “Fora do Jogo” e é o momento de “Pendurar as Chuteiras”!
Outro recorte também vindo da RAIS 2017 revela que a idade média do trabalhador é 37 anos, análise abaixo:
Isto posto, o que constatamos é que a pessoa madura, até mesmo antes dos 40 anos, já começa a sentir dificuldade de aceitação junto ao mercado de trabalho.
Perdura uma dura realidade, sobre a maturidade e a velhice. Impera a imagem de que velho é turrão, fica doente e foge da inovação!!.
Mas vamos refletir um pouco mais!
Quanto mais a pessoa amadurece e ganha experiência, também amplia sua autopercepção e fica mais consciente de seus talentos, valores e motivações frente à vida e a carreira.
Disto, conclui-se que com a chegada da idade e dos cabelos brancos, não é qualquer modismo, posição, dinheiro, status que farão com que ela mude radicalmente sua vida e valores.
Neste momento, existem questões inegociáveis e pode ser prioritário a educação dos filhos ou a proximidade com familiares idosos ao invés de assumir uma posição de alta visibilidade fora do país.
Obviamente, podemos inferir que é muito mais fácil exigir desprendimento dos mais jovens, estes se sujeitam a tudo para construir uma carreira e, portanto, sobrevivem poucos idosos no mercado de trabalho.
Se acresce aos itens acima expostos, que com a chegada dos quarenta ou cinquenta anos, novos anseios começam a surgir. Veja abaixo as colocações mais frequentes:
– Não quero fazer mais do mesmo.
– Quero algo com mais significado.
– Quero fazer melhor.
– Este trabalho é tão elementar, posso fazer algo diferente.
– Quero fazer o meu trabalho sem a preocupação de cuidar de pessoas que fingem trabalhar.
– Gosto muito do que faço, mas quero mais tempo para outras coisas! (Hobbies, desenvolvimento pessoal, cuidar da minha saúde, estar com meus amigos, viagens e uma infinidade de aspirações que uma vida pode apresentar).
– Agora quero morar perto do mar e vou buscar outros objetivos.
– Agora vou me dedicar a uma vida mais tranquila, perto da natureza, vou plantar e criar galinhas…
– Quero viajar mais, pois com a idade a possibilidade de limitações físicas aumentam…
– Quero sentir a experiência de não ter a obrigação de trabalhar…
As citações elencadas acima embasam e evidenciam as seguintes conclusões:
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A força e falta de fundamentos dos preconceitos etários;
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Preconceito etário da sociedade como um todo – maduros representam velhice e falta de renovação;
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Apego a uma realidade construída no passado, onde a expectativa de vida era menor e aos 40 ou 50 anos não havia mais vitalidade ou perspectiva de vida;
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Poucas ofertas de emprego formal para pessoas maduras e preferência do mercado de trabalho por jovens;
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Maior desprendimento e aceitabilidade de exigências dos jovens com relação às condições de trabalho e até mesmo um nível maior de subordinação em função da sua vivência pessoal e profissional;
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Condicionamento social dos próprios grisalhos julgando ser tempo de aposentar-se;
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Anseios de vida e carreira diferenciados junto à população madura que este mesmos, as empresas e a sociedade ainda oferecem poucas respostas;
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A longevidade chegou e a sociedade não se deu conta e é tempo de todos entrarem em ação criando novas soluções!
Um novo tempo chegou e nossos antigos projetos de vida e carreira precisam ser revistos. É necessário planejar olhando a realidade pessoal, social e do mercado de trabalho.
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