Receber o diagnóstico oncológico, tumores e canceres, não é confortável em nenhuma idade. O câncer é uma doença que traz medos, anseios e expectativas.
Lidar com o seu diagnóstico torna-se um momento delicado, não apenas para o paciente como para as pessoas próximas.
No público 60+, a abordagem em relação ao diagnóstico do câncer deve ser realizada da mesma forma. “Precisamos seguir uma rotina de exames iguais a de um paciente jovem, percorrendo o mesmo caminho. O que muda é o dilema sobre qual a melhor forma de tratar o paciente pela condição de idade”, avalia Bruno Azevedo, cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica do Paraná (SBCO – PR). O médico ainda cita que, ao fazer a avaliação do idoso, contempla-se o grau nutricional e a condição física. “Esses fatores são determinantes para a definição do tratamento”, pontua.
Vale ressaltar que, quando se fala de grau nutricional, a equipe médica avalia se o paciente está em bem nutrido, ou seja, não está desnutrido, ou ainda, não ser desnutrido, mas ser obeso. “Precisamos trabalhar esses dois cenários para poder proporcionar o bem-estar ao paciente durante todo o tratamento. Lançando mão de uma equipe multidisciplinar, composta por vários profissionais da saúde, que juntos definem a estratégia de tratamento de forma a se ter uma boa expectativa de cura, mantendo a qualidade de vida”, ressalta Bruno.
Mesmo num tratamento quimioterápico, radioterápico ou cirúrgico é possível preservar o bem-estar da população idosa, de forma a conciliar fatores como atividade física, atividade intelectual, manejo e orientação nutricional. “Todos esses fatores colaboram para que o paciente tenha qualidade de vida no enfrentamento do tratamento oncológico”, afirma o especialista. Segundo o médico, em um paciente que necessite uma cirurgia de grande porte em uma idade mais avançada, obrigatoriamente essa pessoa passa por uma avaliação fisioterápica com o intuito de implementar a parte pulmonar. Após o preparo pulmonar, conta-se também com o auxílio psicológico, com o objetivo de melhorar o entendimento desse paciente sobre a real situação.
“Quanto melhor for a condição física do paciente idoso, em relação à nutrição, condicionamento físico e saúde mental, melhor será a resposta ao tratamento oncológico”, explica Bruno. O médico ainda ressalta que, quanto melhor é o estado nutricional, o seu entendimento e o paciente conseguir se alimentar adequadamente, melhor será a aderência dele à quimioterapia, e quanto menos faltar às sessões, sem postergar o tratamento, melhor a recuperação.
Nas necessidades de cirurgias de grande porte, os pacientes necessitam de níveis altos de albumina, uma proteína célica que ajuda na cicatrização. “Nesses casos realizamos um trabalho no pré-operatório para subir as reservas desse paciente de forma a tolerar melhor o pós-operatório”, explica. Além disso, ao longo dos tratamentos com medicações quimioterápicas, existem alguns suplementos nutricionais que auxiliam na manutenção da imunidade desse paciente. “Com uma orientação nutricional, podemos melhorar o resultado cirúrgico, prevenindo complicações ao longo da quimioterapia. E, se associado a uma atividade física bem orientada, é benéfico nos dois cenários, tanto ao paciente a ser operado, independentemente da idade, ou se tiver que ser submetido a um tratamento quimioterápico”, conclui o médico .
Segundo ele, observa-se que algumas doenças, com o passar da idade, tem o aumento de incidência no seu número de diagnósticos. “Isso acontece devido ao envelhecimento do organismo, e se dá de forma paralela com a exposição a fatores de risco ao longo da vida”, explica. É necessário também pontuar outras questões, como por exemplo, o fator genético e hereditário dos pacientes. “Por isso, com o avançar da idade é muito importante manter os exames de rotina e as consultas com médicos especialistas”, finaliza.