Quanto mais cedo, melhor. Mas nunca é tarde demais

por | 4 de dezembro de 2023 | Autocuidado, Bem-estar

Por Mariana Mello 

Essa frase não é minha, obviamente. Quem a criou foi o doutor Alexandre Kalache, uma das maiores autoridades em envelhecimento no Brasil. Geralmente é utilizada para se falar sobre cuidados com a saúde, mudança de hábitos e prática de esportes. Mas ela também se aplica a algo maior que, aliás, dá nome à editoria desta coluna: planos de vida. 

Confesso que existem duas Marianas. Uma antes, outra depois da Gerontologia. A Mari de antes ia vivendo, sem pensar muito no amanhã. Deixava assuntos como alimentação, sono e exercício para o ano que vem. Considerava ossos do ofício suportar rotinas tóxicas de trabalho, dava o cano no aniversário dos amigos e era um pote até aqui de mágoa. Esguichava gotinhas de clonazepam para dormir e achava engraçado dizer “eu não acredito em terapia”. 

Daí veio a história de ler sobre envelhecimento. Estudei e ainda me debruço sobre os temas clássicos: perdas musculares, mudanças cognitivas, fragilidades físicas, coração, diabetes e aquele rosário médico que você já sabe. Ninguém vai escapar disso. Mas e o plano de vida? Você também faz esse check-up anual? Nenhum médico me pede esse exame, mas o faço todos os dias. 

Plano de vida não nasce sozinho. É autoral, pessoal e intransferível. Você terá de olhar sinceramente para si, entender que decisões tem tomado e se haver com elas. Eu preferiria estar na piscina ou assistindo a uma série, mas cá estou construindo a pessoa velha que quero ser: alguém que está inventando uma carreira nova, que pensa se dá tempo de ter outro filho e que visita as sobrinhas na terça-feira à tarde.  

Parece fácil. Mas esse plano me exige dizer não a coisas importantes e abstrair seduções que chegam o tempo todo pelo meu celular. E se eu tivesse sido CEO de alguma coisa, como o pessoal bacana do LinkedIn?  Quando me deparo com as inquietações sobre minha longevidade, lembro do Dr. Kalache. Sempre há tempo para rever o plano de vida. Sua velhice será o fiel retrato de todas as suas escolhas agora. Aos 40, 60 ou 80, esteja pronto para mudar a rota. Quanto mais cedo melhor, mas nunca é tarde para começar.  

Mariana Mello é jornalista dedicada ao estudo da Gerontologia. Criou o Maturidades, iniciativa independente de conteúdo sobre cultura de envelhecimento. Inscreva-se gratuitamente para receber a newsletter em maturidades.com.br. Siga nas redes sociais Instagram e Youtube: @maturidades_br. Contato: [email protected]