A depressão é a doença psicológica crônica, que produz alteração de humor, caracterizada por uma tristeza profunda. Considerada o mal do século, atinge pessoas de todas as idades e classes sociais. Porém, é preciso estar atento, pois em cada faixa etária, ela se manifesta de uma forma diferente.
Enquanto a depressão adulta é marcada por episódios de tristeza e desânimo, as pessoas idosas podem apresentar questões físicas. “Vão desde falta de energia até dores especificas em partes do corpo e insônia, por exemplo”, explica a psicóloga Larizza Gaglionone.
O IBGE divulgou uma pesquisa em 2019 que indica que a população idosa (de 60 a 64 anos) é a mais afetada pela depressão. Há estudos que mostram que a depressão é a doença mental mais presente na terceira idade. “Ela é tão comum que passa a ser confundida com características próprias dessa fase da vida, enquanto em hipótese alguma pode ser considerada como uma condição saudável para o indivíduo viver bem em todos os aspectos que permeiam a sua existência”.
A psicóloga afirma que o processo de envelhecimento não é fácil. “Corpo e mente passam a ficar mais limitados, naturalmente, assim como a participação social e as perspectivas de vida diminuem, mas a forma com que optamos por viver essa fase é determinada antes mesmo de chegarmos nela”, alerta Dar atenção especial à saúde física e mental ao longo da vida passa a ser crucial para alcançarmos o envelhecimento saudável. Precisamos compreender o caráter preventivo da psicoterapia, dos exercícios físicos e dos cuidados com o corpo.
O diagnóstico começa em casa e há vezes em que a própria família percebe alguns sintomas, assim como em consultas de rotina é o médico clínico-geral/geriatra quem os identifica. “O ideal é que o diagnóstico seja realizado por uma equipe multidisciplinar, considerando que grande parte dos casos de depressão em idosos surgem a partir de outros problemas de saúde próprios da terceira idade”, recomenda
Ainda, é essencial que haja uma avaliação de um psiquiatra que irá conduzir o idoso e orientar a família para os tratamentos necessários a partir do diagnóstico individualizado. “Há psiquiatras que contam com o trabalho de psicólogos para obter também uma avaliação neuropsicológica na busca de um diagnóstico mais preciso e suporte psicoterapêutico em medida interventiva também”. Alguns dos recursos técnicos utilizados pelos profissionais de saúde mental são: interpretação de exames clínicos, anamnese, avaliação neuropsicológica, avaliação psicológica interventiva e entrevista familiar.
O tratamento é individual de cada caso, variando de acordo com os sintomas apresentados (físicos e/ou emocionais). “É avaliada a história da evolução do paciente, se surgiu na terceira idade ou ao longo da vida, se é consequência de outros tratamentos e doenças prévias, dentre outros”, explica Na maioria dos casos, o psiquiatra qualificado prescreve medicamentos antidepressivos e outros auxiliares. Dependendo, além de prática de exercícios físicos, o paciente é encaminhado ao psicólogo para psicoterapia individual com acompanhamento e orientação aos familiares.
A participação da família é muito importante, pois são as pessoas com quem os 60 mais mais convivem. “É importante que proporcionem um ambiente com qualidade de vida para o idoso, dando suporte e atenção às questões peculiares à essa fase da vida”. A psicóloga afirma que isso interfere diretamente na saúde física, psicológica e social.
“Acredito ser um dever de cada um proporcionar aos idosos de sua convivência um espaço de escuta, acolhimento e de disponibilidade para auxiliá-los em seus anseios e também dificuldades. Empatia, suporte, respeito e compaixão pelo ser humano (em especial na terceira idade) deveriam ser uma regra e não uma exceção”.
Qualquer alteração de comportamento da pessoa idosa precisa ser levada em consideração e não deve ser desprezado.
Por que é importante falar sobre a depressão na terceira idade?
Apesar de falarmos com o idoso robusto, ou seja, saudável, a depressão pode atingir qualquer um, independente de condições físicas e financeiras. Por isso, abordar esse tema é uma forma de conscientizar a todos sobre os sintomas e a quem procurar, caso os sintomas sejam notados. O intuito do CEDIVIDA é promover a saúde e bem-estar dos 60+ e entendemos a saúde mental como parte fundamental para isso.