O Poder da comida afetiva.
A comida é muito mais do que apenas nutrir o corpo. Ela tem o poder de tocar o coração, de despertar lembranças e emoções que pareciam adormecidas. Quem nunca provou um prato e foi, na mesma hora, transportado para um momento especial da vida ou para perto de alguém querido? É isso que chamamos de comida afetiva.
Não se trata só de cozinhar. É escolher os ingredientes com carinho, respeitar o tempo de preparo, valorizar cada cheiro, cada sabor. Às vezes, só o aroma que se espalha pela casa já é suficiente para aquecer o coração.
Toda família tem aquele prato especial, que aparece em almoços de domingo, em datas comemorativas ou em momentos de reencontro. Pode ser algo simples, como um arroz bem feito, uma lasanha, um bolo da avó ou aquela torta de limão que ninguém faz igual. Em outras casas, são receitas que atravessam gerações — pratos herdados da culinária italiana, japonesa, portuguesa… Cada um com seu jeitinho, sua história.
E quem não lembra das comidas típicas de fim de ano? O peru assado, o panetone, o pavê (que, claro, sempre vem acompanhado da famosa piada do tio: “É pavê ou pacomê?”). Esses detalhes, essas repetições que se tornam rituais, são parte da memória afetiva que construímos à mesa.
No meu caso, as comidas paraenses são o maior exemplo disso. Açaí, cupuaçu, maniçoba… Para mim, são mais do que sabores — são lembranças vivas da época em que morei no Pará. Quando consumo esses pratos, é como se eu voltasse no tempo. Eles me conectam à minha história, à minha família, às minhas raízes. E compartilhar isso com outras pessoas é uma forma de manter tudo isso vivo.
Além disso, cozinhar também faz a cabeça trabalhar. Estimula a atenção, o planejamento, a coordenação… Quando a gente vai pra cozinha, o cérebro entra em ação.
Tem que escolher os ingredientes, seguir os passos, ter paciência com o tempo do preparo.
É como se ele dissesse: “Ei, presta atenção nisso aqui!” Ou então, quando a gente sente o cheiro de um prato marcante, ele sussurra: “Eu lembro disso…” E aí vem a lembrança, o sentimento, a concentração. Tudo junto. No fundo, cozinhar é isso: um jeito de pensar, lembrar e sentir – tudo ao mesmo tempo. A cozinha, nesse sentido, vira um espaço de aprendizado afetivo e cognitivo.
Portanto, essas receitas não são só gostosas. Elas trazem um sentimento de acolhimento, de pertencimento. Trazem a infância de volta, a presença de quem amamos, a sensação de casa. E mais: são um jeito de aprender também.
Aprendemos sobre ingredientes, sobre paciência, sobre cultura. E quando ensinamos essas receitas a alguém, passamos adiante não só o modo de fazer, mas também o amor que vai junto com elas.
De todo modo, comida afetiva é amor!
Escrito por Samilly Pinheiro e Nikiara Takaki
Supervisão: Professora Dra. Angélica Maurício